quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Existe carro de mulher e carro de homem?

A idéia do prático e estiloso para elas e robusto para eles está no ar, mas vem mudando, mostram pesquisas nos EUA e no Brasil


Uma pesquisa nos EUA mostra que as motoristas ainda levam em consideração o fator Penélope Charmosa na hora da compra do carro: ar de feminilidade e design diferenciado. Esses itens, entretanto, estão cada vez mais cedendo espaço para praticidade e economia de combustível – além do fator preço, claro. De acordo com a agência de pesquisa de tendências de compra TrueTrends.com, a palavra chave para agradar a elas é “estiloso mas pagável”. Será que o mesmo vale para eles?
Pense Carros
Penélope Charmosa ainda está no imaginário popular na hora em que se pensa em carros para mulheres.
O levantamento, feito na metade do ano no mercado americano, pesquisou dados de 13 mil registros de novos veículos nos últimos dois anos. Conforme os números o modelo que ganhou o coração das americanas foi o New Beetle, da Volkswagen (mais de 56% dos registros foram feitos em nomes de mulheres). Os integrantes do clube do Bolinha, entretanto, preferem veículos com uma aparência mais robusta (geralmente picapes).
New Beetle
Mulheres são a maioria das pessoas que registram o New Beetle nos EUA
O que eles querem?
O vice-presidente de tendências industriais da TrueTrends.com, Jessé Toprak, falou, em entrevista à ABC News, nos EUA, que alguns homens ainda gostam de preservar um ar de “machão” ao escolherem seus veículos. Especialmente se eles têm muito dinheiro no bolso: a maior porcentagem de registros em nomes masculinos inclui modelos Bugatti (todos em nomes de homens no período pesquisado), Ferrari (94,4%) e Lamborghini (93,5%). Entre os carros de mercado de massa, o maior número de registros ficou com picapes GM, Chrysler e Toyota.

Bugatti
Bugatti Veyron é a imagem da potência - e todos os carros registrados nos EUA nos últimos dois anos estão em nomes de homens
Toprak ressaltou, no entanto, que esses dados não podem ser interpretados no pé da letra. Primeiro porque, estatisticamente, enquanto mais de 50% da população dos EUA é composta de mulheres, apenas 36% dos registros de novos veículos nos últimos dois anos foi feito em nome delas. Fora que, muitas vezes, elas preferem que a parte burocrática da papelada da compra seja feita pelo marido, embora seja um fato de que quem decide o modelo do carro da família é a mulher e os filhos.

Nem só os econômicos...
Mas a compra feminina não se restringe a compactos, econômicos e estilosos. A médica Ana Pacheco, 34 anos, está na sua segunda camionete – dessa vez um Kia Sorento. “Eu gosto dessas que parecem um SUV, são mais altas e eu enxergo melhor. Me sinto mais segura.”

Kia Sportage Imagem ilustrativa da Kia Sportage, utilitário esportivo leve
A primeira que comprou foi um Ford Ecosport. “Era minha primeira vez, acho que por isso peguei um modelo menorzinho, mais simples. Hoje não troco por nada e estranho se for dirigir o sedã do meu marido – ele tem um Kia Cerato. E adoro o fato de que cabe tudo no meu carro”, conta. Algum motivo pela preferência pela montadora asiática? “Na verdade não, acho que foi porque gostamos do design dos dois carros, cada um dentro do seu modelo.”
Ana é um exemplo de tendência também observada pela TrueTrends: além da economia de combustível ou da economia na hora da compra, as mulheres têm uma “quedinha” por utilitários esportivos compactos. Entre os modelos mais registrados em nome de mulheres nos EUA nos últimos dois anos estão o Hyundai Tucson, o Honda CR-V, o Kia Sportage e o Toyota RAV4.

Diferentes papéis
Longe dos números do mercado americano, o professor de Psicologia do Consumidor e Pesquisa de Mercado da ESPM-RS Leandro Tonetto lembra que ainda que no imaginário da população carros maiores e com aspecto mais robusto estejam ligados aos homens enquanto os de linhas arredondadas e leves como as da anatomia feminina sejam considerados, às mulheres, é muito comum que a decisão de compra ignore esse fato.

“Em 2010, frente a tantas possibilidades de ‘ser’ homem e mulher, pode-se ver homens que apresentam características típicas dos estereótipos femininos, assim como mulheres mais ‘masculinas’. Isso se deve à diversidade de estilos de vida da população, que, diferentemente de décadas anteriores, pode assumir diferentes configurações quanto a suas formas de expressão. Isso faz com que a idéia de que espelhos extra e porta-trecos estejam associados às mulheres, assim como rádios e motores potentes aos homens, seja uma generalização sem fundamento lógico”, explica Tonetto.
Na pesquisa realizada por Tonetto para seu pós-doutorado – em que ele ouviu pessoas sobre a relação entre o design dos automóveis e as emoções despertadas por eles – apareceram as mesmas compradoras de picapes e utilitários leves: “muitas mulheres querem ser igualmente ‘robustas’, no sentido de serem respeitadas no mercado de trabalho, independentes, mais agressivas, o que é refletido no design do carro escolhido e em seus padrões de consumo de uma forma geral”.

Público gay
E existem carros feitos para o público gay no ideário das pessoas? “Carros associados ao público gay geralmente são sofisticados, luxuosos ou possuem algum elemento retrô. Mais uma vez, trata-se de uma generalização grosseira.”

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